Amanhã é o grande dia para o país. a intenção da primeira frase é realmente chamar a atenção.
posto isso devemos atentar para alguns aspectos que jamais deveríamos desconsiderar:
Os projetos de governo de um dos lados é claro e já encaminhado, o outro tem apenas um esboço que não deixa claro suas intenções excetuando uma ou outra intenção a respeito da saúde e que mostra uma tentativa de um retorno a uma realidade que a mobilidade social era praticamente inexistente.
Pontos de vistas ideológicos a parte, a necessidade de incluir a igreja(ou seriam seitas) no debate político, de uma forma não muito inteligente e nem com muita base nas discussões, é evidente e necessária. Mas o que me preocupou durante os embates pré-pleito foi a perca de foco nos projetos e outra vez retorno( ou que nunca foi embora!!!!) as agressões pessoais, evidenciando uma prática ancestral e arcaica em fazer campanhas baseadas em heróis, pessoas que de uma forma mágica irão resolver os problemas de toda uma nação e que sua equipe só estará ali para assinar a papelada....Na verdade não é isso que acontece, é sempre um grande grupo e tendem a ser grupos heterogêneos, inclusive, nas decisões e sendo assim ocorrem discórdias, batalhas verbais e até mesmo insurreições.
blog criado para que todos os amigos comentem, falem se expressem, contudo é necessário que sejam respeitados os princípios da educação.
sábado, 30 de outubro de 2010
terça-feira, 26 de outubro de 2010
HPV( human papiloma vírus)
HPV
O que é o HPV?
O HPV (papilomavírus humano) é um vírus que infecta o ser humano e que pertence a uma grande família. Até o momento, já foram identificados mais de 120 diferentes tipos.
Este vírus, após o contágio, pode permanecer "adormecido" (sem causar lesões), provocar o aparecimento de verrugas (mãos, pés, genitais ou outras localizações) ou induzir o desenvolvimento de câncer.
Qual a diferença entre verrugas genitais e outros tipos de verrugas que aparecem em outras partes do corpo?
Nem todas as lesões de pele são verrugas, mas muitas delas têm em comum o mesmo fator desencadente: o HPV. Enquanto alguns tipos de HPV se desenvolvem melhor em determinadas áreas do corpo como mãos ou pés, outros têm preferência pela área genital. A verruga genital costuma se desenvolver na vulva, vagina, colo do útero, pênis e região próxima ao ânus.
As verrugas genitais se assemelham às verrugas de outras partes do corpo, e assim como estas geralmente são assintomáticas. Podem ser únicas ou múltiplas, pequenas ou grandes, cor da pele, róseas ou acastanhadas. Se não tratadas, podem crescer em tamanho e número, adquirindo aspecto semelhante ao da "couve-flor".
Vulgarmente, as verrugas genitais são conhecidas como "crista de galo"; os médicos as chamam de condiloma acuminado. Apesar dos vários nomes, todos se referem a mesma lesão.
A infecção genital por HPV na população em geral é comum?
O HPV é considerado a principal doença sexualmente transmissível (DST) de etiologia viral. Estima-se que de 50 a 75% dos homens e mulheres sexualmente ativos entrem em contato com um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas.
Como ocorre a infecção pelo HPV?
O principal meio de transmissão do HPV é através de contato sexual com pessoas infectadas. Entretanto, a possibilidade de contaminação através de objetos como toalhas, roupas íntimas, vasos sanitários ou banheiras não pode ser descartada.
O que ocorre quando um indivíduo é infectado pelo HPV?
De forma geral, o organismo pode reagir de três maneiras:
1 - A maioria dos indivíduos (>90%) consegue eliminar o vírus naturalmente em cerca de 18 meses, sem que ocorra nenhuma manisfetação clínica.
2 - Em um pequeno número de casos, o vírus pode se multiplicar e então provocar o aparecimento de lesões, como as verrugas genitais (visíveis a olho nu) ou "lesões microscópicas" que só são visíveis através de aparelhos com lente de aumento. Tecnicamente, a lesão "microscópica" é chamada de lesão subclínica.
Sabe-se que a verruga genital é altamente contagiosa e que a infecção subclínica tem menor poder de transmissão, porém esta particularidade ainda continua sendo muito estudada.
3 - O vírus pode permanecer "adormecido" (latente) dentro da célula por vários anos, sem causar nenhuma manisfetação clínica e/ou subclínica. A diminuição da resistência do organismo pode desencadear a multiplicação do HPV e, consequentemente, provocar o aparecimento de lesões clínicas e/ou subclínicas.
Quanto tempo após ser infectado surgem as verrugas genitais?
A incubação, ou seja, o período necessário para surgirem as primeiras manifestações da infecção pelo HPV é de aproximadamente 2 a 8 meses, mas pode demorar até 20 anos! Assim, devido a esta ampla variabilidade para que apareça uma lesão, torna-se praticamente impossível determinar em que época e de que forma um indivíduo foi infectado pelo HPV.
Qual a relação entre o HPV, verrugas genitais e o câncer?
Os tipos de HPV relacionados ao câncer do colo do útero normalmente não são os tipos que causam as verrugas genitais; estas últimas costumam ser causadas por tipos de "baixo risco".
Um pequeno número de tipos de HPV chamados de "alto risco" estão relacionados ao desenvolvimento de câncer do colo do útero, vagina, vulva, pênis e ânus. Todos estes cânceres possuem tratamento e podem ser detectados precocemente através de exames simples e periódicos, ou seja, em consulta médica de rotina.
O curso da infecção pelo HPV é igual para o homem e a mulher?
Tanto o homem como a mulher que estão infectados pelo HPV e que não possuem verrugas visíveis, na maioria das vezes desconhecem que são portadores do HPV, e que podem transmitir o vírus aos seus parceiros sexuais.
No entanto, a evolução, a manifestação e o tratamento são diferentes no homem e na mulher. Isto se deve, principalmente, às diferenças anatômicas e hormonais existentes entre os sexos. Na mulher existe um ambiente mais favorável para o desenvimento e multiplicação do HPV, podendo ocorrer complicações mais sérias, como lesões, que se não tratadas podem evoluir para câncer.
Qual a complicação mais grave na mulher?
O câncer do colo do útero está altamente relacionado ao HPV. No entanto, apenas a infecção pelo HPV não é capaz de provocar este câncer. Esta possibilidade está na dependência de alguns fatores como tipo de HPV, resistência do organismo e genética da pessoa. Menos de 1% das mulheres infectadas pelo HPV desenvolverão câncer do colo do útero. Deve-se ter em mente que este tipo de câncer ou lesões que o antecedem (pré-câncer) podem ser detectados em praticamente 100% dos casos, através de exames preventivos muito simples e aos quais todas podem ter acesso: o Papanicolaou e a Colposcopia (aparelho com lentes de aumento para ver lesões muito pequenas).
Em condições normais, o tempo de evolução entre o contato com o HPV e o desenvolvimento do câncer do colo do útero dura em média 10 anos. Assim, a probabilidade de uma mulher que realiza exame ginecológico preventivo regularmente ter câncer do colo do útero é extremamente pequena. O tratamento das lesões que antecedem o câncer é simples e efetivo, e o mais importante é que ele impede o desenvolvimento para câncer. Na maioria das vezes é realizado com pequena cirurgia que conserva o corpo do útero, permitindo futuras gestações.
É possível que indivíduos que não tenham relações sexuais há vários anos possam vir a desenvolver verrugas genitais?
Sim. O contato com o vírus HPV pode ter ocorrido há vários anos e este permaneceu "adormecido" (estado latente). A diminuição da resistência do organismo pode desencadear a multiplicação do HPV e, consequentemente, provocar o aparecimento de lesões clínicas e/ou subclínicas.
Como as verrugas genitais são diagnosticadas?
Conforme a localização das lesões, pode ser difícil verificar a presença de verrugas genitais apenas pelo auto-exame. Nem sempre é possível notar a diferença entre uma verruga e outros tipos de lesões de pele. Desta forma, sempre que houver suspeita de infecção pelo HPV, é altamente recomendável procurar o médico. Este profissional poderá não só orientar e tratar, como também realizar exames apropriados, caso sejam necessários. De forma geral, o diagnóstico das verrugas genitais pode ser realizado durante uma simples consulta. Entretanto, o diagnóstico da infecção subclínica requer exames com aparelhos com lente de aumento (colposcópio ou lupa). A infecção latente só pode ser diagnosticada através de testes laboratoriais sofisticados, que têm indicação restrita a casos específicos.
O que se deve saber sobre HPV, verrugas genitais e gestação?
Devido às alterações hormonais que ocorrem durante a gestação, as verrugas podem aumentar em tamanho e número. Somente se as lesões forem muito grandes a ponto de interferir na passagem do bebê pelo canal de parto, é que a cesareana poderá ser indicada. Caso contrário, lesões pequenas, microscópicas ou latentes não contra-indicam o parto vaginal.
Existe a possibilidade do HPV ser transmitido para o feto ou recém-nascido e causar verrugas na laringe do recém-nascido e/ou verrugas na genitália. O risco parece ser maior nos casos de lesões como as verrugas genitais, mesmo nestes casos o risco de ocorrer este tipo de transmissão é baixo. É muito importante que a gestante informe ao seu médico, durante o pré-natal, se ela ou seu parceiro sexual já tiveram ou têm HPV.
É normal se sentir decepcionado/deprimido após receber o diagnóstico de infecção pelo HPV ou verrugas genitais?
Sim, muitas pessoas se sentem decepcionadas. Podem ocorrer sentimentos de vergonha, diminuição do desejo sexual, medo de ter câncer, revolta contra os parceiros sexuais, mesmo que normalmente não seja possível saber exatamente em que época ou de que forma ocorreu o contágio pelo vírus do HPV.
Como se faz a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DST), inclusive o HPV?
Alguns cuidados são fundamentais na prevenção de qualquer DST como a infecção por HPV ou verrugas genitais:
1 - Reduzir o número de parceiros sexuais. Quanto maior o número de parceiros, maior o risco de contrair/transmitir qualquer DSTs, inclusive o HPV e o vírus da AIDS.
2 - Uso consistente e correto de preservativos (masculinos ou femininos), para todos os parceiros sexuais, desde o início até o fim da relação sexual. O uso de preservativos reduz muito a probabilidade de se adquirir / transmitir uma DST, inclusive o HPV e o vírus da AIDS. Qualquer DST funciona como fator facilitador na aquisição e transmissão do vírus da AIDS (HIV).
3 - Se houver suspeita de que o parceiro sexual tenha qualquer DST é altamente recomendável consultar o médico. Até que isto seja feito, também é recomendável abster-se das relações sexuais com este parceiro, até que o tratamento seja realizado, se for o caso.
4 - Não se auto-medicar, pois desta forma a DST pode ser "mascarada", ou seja, parece que foi tratada mas continua ativa.
5 - Não compartilhar objetos de uso íntimo com outras pessoas e fazer higiene de objetos de uso comum antes do uso (exemplo: vaso sanitário).
"O USO DE PRESERVATIVOS É O MÉTODO MAIS EFICAZ PARA REDUÇÃO DO RISCO DE TRANSMISSÃO DO VÍRUS DA AIDS (HIV) E DE OUTROS AGENTES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS, INCLUSIVE O HPV"
Como se tratam as verrugas genitais?
O objetivo do tratamento deve ser a remoção das verrugas visíveis e eliminação dos sintomas indesejáveis. As recidivas são relativamente frequentes pois mesmo destruindo a verruga não se consegue eliminar totalmente os vírus existentes na área genital. Como em qualquer doença viral, o sucesso do tratamento depende, em grande parte, da resistência específica de cada indivíduo. Assim, medidas gerais são também importantes para ajudar a melhorar os mecanismos de defesa como: diminuir o estresse, parar de fumar, alimentação equilibrada e horas de sono adequadas.
Existem várias opções de tratamento. Os fatores que podem influenciar na escolha do tratamento são: localização, tamanho e número de verrugas, alterações nas verrugas, preferências do paciente, custo do tratamento, conveniência, efeitos adversos e experiência do profissional. Hoje em dia, existem tratamentos que são feitos pelo médico e outros que podem ser aplicados pelo própiro paciente. O paciente deve consultar seu médico para saber qual tratamento é mais adequado e nunca deve se auto-medicar.
Existe uma nova alternativa terapêutica que pode contribuir para maior adesão ao tratamento, é um creme de uso tópico contendo a droga imiquimod, que o próprio paciente aplica sobre as verrugas, sem causar dor e sem necessidade de ir várias vezes ao consultório para se tratar. Esta droga tem mecanismo de ação inédito, agindo no sistema imunológico para combater as células contaminadas pelo HPV, o que reduz drasticamente a chance de reaparecimento das verrugas após o tratamento. Enquanto os demais procedimentos destroem a verruga, esta droga aumenta a produção local de substâncias próprias do sistema imune, como o interferon e outras citocinas, que auxiliam no combate a doenças virais e previnem recorrência das verrugas genitais.
Alguns especialistas sugerem evitar contato sexual durante o tratamento para proteger a área tratada de fricções e ajudá-la a cicatrizar mais rapidamente.
Também se trata infecção subclínica e latente por HPV?
Até o momento não existem tratamentos para infecção latente por HPV; na maioria dos casos o próprio organismo se encarrega de eliminar o vírus.
Só existe indicação para tratamento na infecção subclínica quando há sintomas como coceira ou quando existe associação a lesões precursoras do câncer.
[Voltar]
Copyright © 2002-2009, Centro de Prevenção de Câncer 'Clínica Prof. Dr. Renato Santos'
Av. Rebouças, 2849 - CEP 05401-350 - São Paulo - SP - F: 11 3062 8122 / 11 3061 0739
Este material pode ser reproduzido para fins educativos | Última atualização: 18/10/2010
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
04/10/2010
às 19:16Após telefonemas de Dilma e Serra, Marina decidirá apoio sem pressa
A primeira batalha deste segundo turno, pelo apoio de Marina Silva (PV), já começou. A senadora disse nesta segunda-feira a jornalistas ter recebido telefonemas de Dilma Rousseff (PT) e de José Serra (PSDB) após a apuração das urnas. “Ambos me parabenizaram pela contribuição dada pela nossa candidatura e disseram que tinham o desejo de conversar comigo, se eu tivesse interesse”, contou, em entrevista coletiva, na capital paulista. “Eu disse a eles que vou firmar minha posição no processo. Tenho uma ideia do que fazer, mas minha decisão não foi tomada.”
Marina usará como critério para a escolha entre Dilma e Serra as propostas dos candidatos. “Vou ser coerente com as minhas convicções, conversar com os segmentos da sociedade que me apoiaram”, disse. “Há uma expectativa muito grande sobre a atitude política que vamos ter e ela terá de ser diferente da velha política. Nossa única prioridade são as propostas.”
A verde explicou que, em no máximo 15 dias, haverá uma reunião da executiva nacional do PV para definir a posição do partido. Segundo a senadora, estava definido desde o ano passado que, em caso de segundo turno sem Marina, os rumos seriam decididos em convenção. Quem discordasse teria liberdade para manifestar seu posicionamento. A cúpula do partido, de 20 pessoas, sequer teve sua primeira reunião após o pleito.
A senadora classificou a decisão de Fernando Gabeira, que era candidato ao governo do Rio pelo PV, de apoiar Serra como uma “manifestação pessoal”. “Eu vou preferir fazer minha manifestação com os grupos com quem fiz aliança. O voto não é de ninguém. É do eleitor”, disse Marina.
(Adriana Caitano, de São Paulo)
Marina usará como critério para a escolha entre Dilma e Serra as propostas dos candidatos. “Vou ser coerente com as minhas convicções, conversar com os segmentos da sociedade que me apoiaram”, disse. “Há uma expectativa muito grande sobre a atitude política que vamos ter e ela terá de ser diferente da velha política. Nossa única prioridade são as propostas.”
A verde explicou que, em no máximo 15 dias, haverá uma reunião da executiva nacional do PV para definir a posição do partido. Segundo a senadora, estava definido desde o ano passado que, em caso de segundo turno sem Marina, os rumos seriam decididos em convenção. Quem discordasse teria liberdade para manifestar seu posicionamento. A cúpula do partido, de 20 pessoas, sequer teve sua primeira reunião após o pleito.
A senadora classificou a decisão de Fernando Gabeira, que era candidato ao governo do Rio pelo PV, de apoiar Serra como uma “manifestação pessoal”. “Eu vou preferir fazer minha manifestação com os grupos com quem fiz aliança. O voto não é de ninguém. É do eleitor”, disse Marina.
(Adriana Caitano, de São Paulo)
sábado, 25 de setembro de 2010
domingo, 19 de setembro de 2010
coloquei para que todos comentem e dêem sua opinião sobre as declarações deste que foi presidente durante oito anos e avaliar o quanto ele tem moral, ética e responsabilidade para que possa declarar o que foi dito.
Por Rui Nogueira / BRASÍLIA, estadao.com.br, Atualizado: 19/9/2010 0:24
''Acabar com a desigualdade não é tudo''
Valéria Gonçalvez/AE-30/1/2009
"Conservadorismo. 'O comportamento do Lula, mesmo no tempo de líder da oposição, sempre foi de uma pessoa loquaz'"
A síntese é acrescida da percepção de que 'há abuso de poder político' e foi feita pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Ele diz que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma 'assombrosa conversão ao passado'.
A seguir, os principais trechos da entrevista concedida no início da semana.
O sr. não acha que os exageros retóricos do presidente Lula vão além da circunstância eleitoral e podem estar desligando da tomada os aparelhos da democracia?
Sinceramente, não acho que o presidente Lula tenha uma estratégia nessa direção. Acho que a democracia tem raízes fortes no País, a sociedade é muito diversificada, a sociedade civil é mais autônoma do que se pensa, as empresas são poderosas, a mídia é poderosa. Não acho que o Lula tenha um projeto para cercear a democracia. O que ele tem é uma prática que, às vezes, excede o limite. E, quando isso acontece, eu me manifesto. A democracia não é um fato dado, é uma constante luta. Se a gente começa a fechar os olhos às pequenas transgressões, se elas vão se acumulando, isso tudo distorce o sentido das coisas.
Há algum problema na origem da nossa cultura política?
Sim, a nossa cultura política não é democrática. Nós aceitamos a transgressão com mais facilidade, nós aceitamos a desigualdade perante a lei, para não falar das outras desigualdades aceitas com mais facilidade ainda. Você tem um arcabouço democrático, mas o espírito da democracia não está consolidado.
E de quem é a culpa?
Não é de ninguém. Mas a responsabilidade para não quebrar esse arcabouço e reforçar o espírito da democracia é de quem tem voz pública. O presidente da República é responsável porque a conduta dele, no bom e no mau sentido, é tomada como exemplar. Portanto, ninguém é culpado, mas há responsáveis.
De que maneira explícita pode então ser atribuída uma cota de responsabilidade nesse processo ao presidente Lula?
Uma das coisas que mais me surpreendeu na trajetória política do presidente Lula foi a absorção por ele do que há de pior na cultura do conservadorismo, do comportamento tradicional. Ele simplesmente não inovou na política.
Dê exemplos.
O Lula adotou o clientelismo. Veja o caso do Amapá, onde o presidente Lula pede voto no fulano e fulano porque é amigo. Depois se descobre que o fulano está envolvido em escândalos, mas aí desenrola-se uma mistificação dizendo que nunca se puniu tanto como no governo dele. Isso é um comportamento absolutamente tradicional. Desde quando passou a mão na cabeça dos aloprados, o critério é sempre esse. No fundo, o Lula regrediu ao Império, aplicando a regra do 'aos inimigos a lei, aos amigos a lei'. Ele não inovou do ponto de vista político, mas poderia ter inovado.
O sr. esperava um presidente Lula mais democrático, mas está apontando traços caudilhescos no comportamento dele.
O PT quando foi criado se opunha ao corporativismo herdado do fascismo e de Getúlio Vargas. No poder, o que vemos é que ele ampliou esse corporativismo. O PT trata esse corporativismo como se fosse um movimento da sociedade, quando nós estamos diante da ligação de grupos corporativistas ao Estado e o controle desses grupos pelo Estado.
Responda 'sim' ou 'não' a esta pergunta: Lula tem alguma tentação a cultivar uma variante para a democracia popular?
Sim.
Explique a resposta.
Lula não tem esse propósito, mas a recorrência do linguajar político e a forma de agir levam à crença de que o que vale é ter maioria. E democracia popular é o quê? A democracia é mais do que ter maioria, o que é conquistado à força pelas ditas democracias populares. Democracia também é respeito à lei, respeito à Constituição, respeito às minorias e à diversidade. Tudo isso é obscurecido nas democracias populares, onde se entende que, se você tem a maioria, você tem tudo e pode tudo. Tem o direito de fazer o que bem entender. O presidente Lula não pensa em fazer isso, mas essas são as consequências do comportamento político que ele tem. Precisa ter limites.
Concretamente, que tipo de limite deveria ser imposto ao presidente Lula?
Não se pode, por exemplo, ver o presidente, todos os dias, jogar o seu peso político na campanha eleitoral. E vem agora uma senhora recém-empossada como ministra-chefe da Casa Civil (N.R.: Erenice Guerra, que caiu na quinta-feira, um dia depois da gravação desta entrevista) acusar o principal candidato da oposição, o José Serra, de 'aético'. Acusa por quê? Porque o candidato está protestando contra a violação do sigilo fiscal de sua família. Ela não tem expressão política alguma, mas baseia a acusação no quê? No princípio de que quem pode e quem não pode se sacode.
O sr. foi surpreendido com o discurso do 'nunca antes neste País' do presidente Lula?
De alguma maneira, sim, mas nem tanto. O comportamento do Lula, mesmo no tempo de líder da oposição, sempre foi de uma pessoa loquaz, fácil de apreender as circunstâncias políticas, muito mais tático do que estratégico. Ele falou em 'metamorfose ambulante' e isso explica bem o seu estilo e caracteriza bem o seu traço de conservadorismo.
Qual foi, então, a sua grande surpresa com Lula?
Achei que ele fosse mais inovador, capaz de deixar uma herança política democrática, mostrando que o sentimento popular, a incorporação da massa à política e a incorporação social podem conviver com a democracia, não pensar que isso só pode ser feito por caudilhos como Perón, Chávez etc. Essa é, aliás, a imagem que o mundo tem do Lula, que ele está incorporando os excluídos - o que já vinha do meu governo, a partir da estabilização econômica, mas é verdade que ele acelerou. Mas Lula está a todo o instante desprezando o componente democrático para ficar na posição de caudilho.
O que está na origem dessa tentação?
Na Europa, já não é mais assim, mas em alguns lugares ainda se acha que acabar com a desigualdade é tudo, que vale tudo para acabar com a desigualdade. Valia até apoiar o regime stalinista, o que Lula nunca foi. O que ele tinha de inovador é que o PT falava de democracia, um lado que está sendo esquecido. Nunca disse uma palavra forte em favor dos direitos humanos. Pode, perfeitamente, dizer que o caso nuclear do Irã não pode servir para atacar o país, lembrar o Iraque, mas, ao mesmo tempo, tem de ter uma palavra forte em defesa de uma mulher que pode morrer apedrejada.
O sr. já disse que o governo Lula tem realizações próprias suficientes para não precisar ser 'mesquinho' e usar esse 'nunca antes neste País'. Por exemplo?
O governo do presidente Lula atuou bem diante da crise financeira mundial (2008/2009). Isso não é fruto do passado, é fruto do presente. Nas outras áreas, ele deu bem continuidade, mas na crise podíamos ter naufragado e ele não deixou naufragar.
Outro exemplo de bom serviço prestado pelo governo Lula ao País?
Não sei qual a razão, mas o Lula acertou ao não engordar o debate sobre o terceiro mandato. Não sei se está ou não arrependido, mas o certo é que ele não engordou esse debate.
Em compensação, entrou na campanha com se estivesse disputando o terceiro mandato.
E não precisava. Ele podia atuar dentro da regras democráticas, mas está usando o poder político para forçar situações eleitorais. Há até um movimento em que ele se envolve para derrotar senadores da oposição, parece um ato de vingança porque não gostou da atuação deles no parlamento.
A jornalista e colunista do Estado Dora Kramer falou, há dias, de uma 'academia inativa por iniciativa própria'. É isso?
A frase pode ser um pouco forte, tem muito intelectual opinando, mas a academia está muito distante da vida, produzindo análises vazias. Lidam mais com conceitos do que com a realidade. Falam muito sobre livros, em vez de falar e escrever sobre o processo da vida. Houve, sim, um afastamento da academia desses desafios. A situação do País é boa, a começar pela situação econômica e social, e isso paralisa muita gente, mas a academia é que tem de manter o senso crítico, alertar, dizer o que está acontecendo e que merece reparos.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
PRIMEIRA IMPRESSÃO
Este espaço poderá ser utilizado de maneira educada para discussão de qualquer assunto da vida cotidiana da nossa sociedade e da vida de todos aqueles que nos rodeiam.
Assinar:
Postagens (Atom)